por Alice Cristina Nogueira Lopes - diretora da Apcef Ceará

O Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março, foi criado depois de uma série de manifestações na Europa e nos EUA por melhores condições de trabalho, direitos sociais e políticos. Com o passar dos anos, porém, a data foi perdendo o significado sociopolítico e ganhando forte apelo comercial. O nosso papel, enquanto mulheres, portanto, é tentar resgatar o seu verdadeiro sentido, provocando reflexões e fortalecendo as tantas lutas femininas.

Não se pode reduzir uma data tão simbólica a apenas gestos de gentileza e carinho. Eles são válidos, mas é preciso passar uma mensagem maior. É preciso fortalecer a luta contra a desvalorização da mulher, contra o preconceito, contra o machismo, contra a violência masculina, contra o assédio, contra as injustiças no mercado de trabalho, contra a ditadura dos padrões de beleza, enfim, contra tudo o que nos oprime há anos.

Esse trabalho de resistência não é fácil, por isso precisamos desenvolver consciência política e promover, diariamente, uma aliança entre as mulheres em prol da nossa igualdade. Você já ouviu falar em sororidade? É um conceito que representa um forte contraponto a tão difundida rivalidade entre as mulheres – rivalidade esta que tanto serve ao machismo nosso de cada dia e que só atrasa nossas conquistas.

Praticar sororidade é praticar o companheirismo, a empatia, o empoderamento e o respeito mútuo entre as mulheres. Experimente isso com as mulheres à sua volta, sua mãe, sua avó, sua irmã, sua amiga, sua colega de trabalho ou mesmo uma desconhecida que reclama do próprio corpo no banheiro de uma festa. Isso é transformador, nos coloca em sintonia e dá força para as nossas lutas.

Para além das flores e homenagens, que esse Dia da Mulher sirva para refletirmos sobre como estamos ocupando o nosso espaço na sociedade e o que temos feito, na política do dia a dia e nas pequenas atitudes, para alcançarmos a verdadeira igualdade de gênero.